Multiculturalismo e Globalização
A Globalização é inaugurada com a expansão marítima no século XVI, o que também impulsionou o contato cultural e, em menor escala, multicultural entre povos europeus, indígenas pré-colombianos e africanos (além de cristãos-novos e outras minorias). Todo esse processo de aproximação voluntária ou não (escravização) resultou em um processo de heterogeneização cultural em muitas colônias na América, Ásia e Oceania. Porém, sempre existiram pressões socioculturais visando a uma homogeneização sociocultural que, por muitas vezes, aconteciam com um viés racialista (a partir do século XIX). A grande problemática contemporânea é resultado histórico desse processo de tensões entre as forças globalizadoras e a realidade multicultural. Tal fenômeno gera, atualmente, uma considerável contradição entre o desejo por estimular a diversidade e um ideal harmonizador cultural que se manifesta por via do poder de império do Estado.
Eventos como a aculturação, por exemplo, ratificam o desajuste e vulnerabilidade de muitos grupos étnicos que tentam coexistir com sociedades capitalistas e consumistas. O escritor moçambicano Mia Couto pode revelar através de seus contos um conjunto de personagens que se viam "não adaptados" as pressões globalizadoras que pretendem buscar a harmonização cultural. O resultado desses textos literários é uma legítima expressão do choque entre mundos em Mia Couto não há lugar no mundo ocidental para o tribal e o "selvagem".